Trump amplia ataques a sistema judiciário americano e mira grandes escritórios de advocacia
- Lara Andrade
- 1 de abr.
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Alguns entram na Justiça contra os decretos de Trump, enquanto outros cedem à pressão

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, continua a pressionar instituições fundamentais da democracia americana. Após ataques à imprensa, universidades e ao sistema judiciário, seu mais recente alvo são os grandes escritórios de advocacia do país, conhecidos como "big law".
Na última semana, Trump divulgou um comunicado ameaçando punir advogados e firmas que atuem em processos que ele considera "frívolos, irracionais e vexatórios" contra sua administração. As sanções poderiam restringir o acesso desses profissionais a prédios públicos e impedir contratos com o governo. A ofensiva ocorre dias após o republicano sugerir o impeachment de um juiz federal que barrou uma de suas ordens executivas, intensificando seu embate com o Judiciário.
Um exemplo dessa pressão é o caso do escritório Paul Weiss, uma das firmas mais prestigiadas dos Estados Unidos que após intensas críticas de aliados de Trump, o escritório concordou em destinar US$ 40 milhões em serviços jurídicos para iniciativas apoiadas pelo governo. A decisão foi vista como uma concessão estratégica para evitar represálias, mas também gerou debates sobre até que ponto as grandes bancas de advocacia estão dispostas a ceder diante da influência política.
Já os escritórios de advocacia Jenner & Block e WilmerHale decidiram recorrer à Justiça Federal contra decretos considerados retaliatórios do presidente Donald Trump. Em contrapartida, o escritório Skadden, Arps, Slate, Meagher & Flom optou por acatar as exigências do governo antes mesmo da assinatura oficial da medida que poderia puni-los. As duas bancas que contestam a decisão entraram com ações no mesmo tribunal federal em Washington, D.C., onde a juíza Beryl Howell recentemente concedeu uma liminar bloqueando a ordem executiva do presidente.
Além dos escritórios de advocacia, Trump também tem direcionado sua pressão a universidades, especialmente aquelas que demonstram oposição a suas políticas. Recentemente, instituições de ensino superior que sediaram manifestações pró-imigrantes foram alvo de ameaças de cortes de financiamento federal. A retórica do presidente tem sido de que esses espaços estariam promovendo "ideologias radicais" e tolerando protestos que, segundo ele, representam ameaças à ordem pública. Educadores e acadêmicos, no entanto, denunciam que essas ações fazem parte de um esforço maior para cercear a liberdade de expressão e deslegitimar críticas ao governo.
Os imigrantes também têm sido um dos principais alvos dessa escalada de tensão. Durante protestos em defesa de direitos migratórios, participantes relataram um aumento da repressão, com prisões e investigações de ativistas por órgãos federais. A administração Trump argumenta que está apenas garantindo a aplicação das leis, mas advogados e organizações de direitos humanos alertam para um cenário de criminalização crescente dos movimentos sociais, o que pode enfraquecer ainda mais o espaço para debates nos Estados Unidos.