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Guerra comercial: entenda como as tarifas impostas por Trump afetam o Brasil

O Brasil estará entre os países mais impactados pelas tarifas sobre as importações de aço e alumínio, que entram em vigor em 12 de março




Foto: Daniel Torok
Foto: Daniel Torok

O presidente dos EUA, Donald Trump reafirmou sua defesa das tarifas sobre produtos importados durante um discurso ao Congresso americano na noite de terça-feira (04/03). Trump mencionou diretamente o Brasil como um possível alvo de novas tarifas, alegando que o país "sempre impôs tarifas contra os EUA".


Os primeiros produtos brasileiros afetados serão o etanol, que será taxado em 18% a partir de 2 de abril, o aço e o alumínio, que enfrentarão tarifas de 25% a partir de 12 de março. Os EUA já aplicaram tarifas de 25% sobre produtos do Canadá e do México, além de uma taxa adicional de 10% sobre importações chinesas, elevando a tarifa total para 20%. As novas tarifas passaram a valer na terça-feira (11).


O Canadá respondeu impondo tarifas de 25% sobre US$ 150 bilhões em produtos americanos, enquanto o México afirmou que divulgará suas contramedidas em momento oportuno.


Além de argumentar em seu discurso que as tarifas são "recíprocas", afirmou que o Canadá e o México são alvos, por permitirem a entrada de um grande número de imigrantes ilegais nos EUA. O Brasil não é o alvo em destaque, mas também pode sofrer com a instabilidade do mercado.


De acordo com Fellipe Sena, internacionalista e especialista em estudos de gênero e sexualidade, a taxação afeta todos os países que reagem aplicando tarifas em seus produtos como resposta a Trump, o que "acaba refletindo no aumento do preço de toda a cadeia produtiva, impactando o consumidor final" confirma Felipe.


O impacto no Brasil pode ser significativo, considerando que o país é um agroexportador e possui uma economia baseada na venda de produtos com baixo valor tecnológico agregado, ou seja, matéria-prima in natura. Com a taxação, o Brasil perde competitividade, o que resulta em menor volume de exportações e maior dependência de importações, explica Sena.


Em contrapartida, o cenário também aponta para novas oportunidades de negociação, com a busca de novos parceiros comerciais. A China por exemplo "pode se beneficiar por aproveitar a tendência de isolamento comercial dos EUA, aproveitando gap para fortalecer laços comerciais e sua influência internacional" aponta Felipe.


Assim como Canadá e México, a China aplicou tarifas de 10% a 15% sobre as importações de alimentos dos EUA, incluindo trigo, milho, carne bovina e soja. A embaixada chinesa também reiterou que, se os Estados Unidos querem uma guerra comercial, estão preparados para levá-la até o fim. "Estamos inseridos hoje, em um cenário uni multipolar, em que os EUA são uma grande potência, mas não a única, existem outros países com capacidade de contesta-los [...] onde podemos ver talvez, um fortalecimento de acordos e surgimento de outros tipos de parcerias e futuras alianças comerciais" finaliza Felipe.

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