Erika Hilton denuncia “transfobia de Estado” após emissão de visto com gênero masculino pelos EUA
- Lara Andrade
- há 1 dia
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"Não me surpreende", declarou a deputada em post na sua rede social

A deputada federal Erika Hilton classificou como “transfobia de Estado” e “incidente diplomático” a decisão do governo dos Estados Unidos de conceder a ela um visto de entrada no país com a marcação de gênero masculino. A parlamentar, uma das duas primeiras mulheres trans eleitas para a Câmara dos Deputados, afirmou que tomará providências e pretende acionar a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, buscando uma resposta política internacional sobre o episódio.
Segundo Erika, a decisão da embaixada americana viola seus direitos e os de toda a população trans. “A embaixada americana se sentiu autorizada a seguir uma concepção da mente do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. É uma violação dos meus direitos e dos direitos das pessoas trans”, declarou. À TV Globo, a embaixada dos EUA respondeu que “é política dos EUA reconhecer dois sexos, masculino e feminino, considerados imutáveis desde o nascimento”, o que vai de encontro à identidade de gênero reconhecida oficialmente nos documentos da deputada.
A parlamentar destacou ainda que todos os seus documentos oficiais registram seu gênero como feminino, e que não há qualquer registro contrário. Erika também questionou quais trâmites a embaixada teria seguido para emitir um visto divergente de sua documentação oficial. “Se a embaixada faz uma investigação à parte, eu desconheço. Seria muito importante que a embaixada pudesse prestar esclarecimentos de quais foram os trâmites percorridos para chegar nessa conclusão”, afirmou.
O episódio ocorreu quando Erika Hilton foi convidada para participar da Brazil Conference at Harvard & MIT 2025, em Cambridge, como parte de uma missão oficial autorizada pela presidência da Câmara dos Deputados. Mesmo com a solicitação formal do visto feita pela Casa, a equipe da deputada relatou dificuldades desde o início do processo, sob novas diretrizes do governo Trump. O visto foi concedido em 3 de abril, mas com a informação incorreta sobre seu gênero, o que fez com que a parlamentar se recusasse a utilizar o documento e cancelasse sua participação no evento.