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Entre shows e tiros: a troca de acusações que esconde a falta de segurança no Rio

Desvios de responsabilidades e disputas políticas empobrecem o debate sobre segurança pública na segunda maior capital do país




Reprodução/Redes sociais
Reprodução/Redes sociais

A troca de farpas entre o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, e o deputado federal Nikolas Ferreira nas redes sociais revela a tensão política que marca o atual cenário no estado, onde a segurança pública é um dos maiores desafios. Paes, em sua resposta ao deputado, tenta desviar da responsabilidade pela violência ao apontar que a segurança é responsabilidade do governador Cláudio Castro, do mesmo partido de Nikolas, o PL. Ao fazê-lo, Paes tenta descreditar a crítica do parlamentar, utilizando a mesma argumentação que já não é mais novidade na política brasileira: a tentativa de culpar o adversário dentro da própria base de apoio.


A ironia de Ferreira ao fazer referência ao show da Lady Gaga, em meio a um tiroteio na Avenida Brasil, expõe a profunda insatisfação de uma parcela da população com as prioridades de gestão. Ao contrário de uma simples provocação, o deputado tenta destacar a discrepância entre as grandes atrações culturais, como o show da cantora, e a dura realidade da violência nas ruas cariocas. Para ele, a ironia não é gratuita, mas uma denúncia das falhas da administração municipal e estadual, que, em sua visão, parecem mais preocupadas com o glamour do evento do que com a segurança de seus cidadãos.


Por outro lado, a resposta de Paes, longe de ser uma defesa eficaz de sua gestão, reforça a ideia de que a política de segurança pública no Rio é fragmentada e descoordenada. Ao jogar a culpa sobre o governador Cláudio Castro, Paes não só se esquiva de sua própria responsabilidade, mas também acentua a impressão de que o Rio é uma cidade sem liderança clara no combate à violência. É evidente que o prefeito sabe que a falta de segurança é um dos maiores calcanhares de Aquiles de sua administração, mas ao invés de apresentar soluções ou alternativas, ele se atém a uma troca de acusações que apenas agrava o cenário de desconfiança e frustração da população.





A menção ao show de Lady Gaga, que acontecerá em Copacabana em maio, é um exemplo claro de como a política do Rio de Janeiro, com suas prioridades questionáveis, está distorcendo as expectativas de seus habitantes. Em um momento em que o estado luta contra índices de violência alarmantes, a resposta de Paes, que parece querer minimizar o problema, reforça o distanciamento das autoridades da realidade cotidiana da população. Enquanto o Rio de Janeiro se prepara para receber grandes eventos internacionais, a população continua refém da violência e da falta de perspectivas para um futuro mais seguro.


Essa troca de provocações não só é um reflexo das disputas partidárias que contaminam o debate político, mas também um sintoma da falência de um sistema de segurança pública que falha em proteger seus cidadãos, ao mesmo tempo em que investe em eventos de grande apelo midiático. O Rio de Janeiro precisa de mais do que promessas de grandes shows e discursos vazios; precisa de ações concretas e responsáveis para resolver os problemas que afligem sua população.



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