Entre a defesa e o governo: o desafio da demissão de Juscelino Filho
- Lucas Tadeu
- 9 de abr.
- 2 min de leitura
O afastamento do ministro das Comunicações é uma tentativa de preservar o governo e sua imagem pública, mas também levanta questões sobre a fragilidade das figuras públicas em tempos de crise judicial

A recente saída de Juscelino Filho do Ministério das Comunicações, anunciada na última terça-feira (8), após ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por suposto desvio de emendas parlamentares, marca um momento de delicadeza para o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ao pedir sua demissão, o ministro não apenas coloca sua defesa pessoal em primeiro plano, mas também tenta proteger a imagem do projeto político que integra.
Em sua carta aberta, Juscelino Filho afirmou que a decisão de deixar o cargo não foi fruto de falta de compromisso com o governo, mas uma medida necessária para garantir que a verdade prevaleça. De acordo com suas palavras, a acusação que pesa sobre ele é infundada, e ele confia plenamente nas instituições do país, especialmente no STF (Supremo Tribunal Federal), para que a justiça seja feita.
A postura do agora ex-ministro reflete uma tentativa de resguardar a imagem de sua gestão e de evitar maiores desgastes políticos ao governo federal. Ao tomar essa atitude, Juscelino não só busca se concentrar em sua defesa, mas também demonstra um respeito pelo governo e pelo povo brasileiro, algo que, segundo ele, é mais importante neste momento do que a continuidade em seu cargo.
Entretanto, a decisão também pode ser vista como uma tentativa do governo Lula de lidar rapidamente com a situação, evitando que as investigações e as acusações se tornem um fardo insustentável para a administração. O pedido de demissão foi, inclusive, acompanhado de uma ligação do presidente Lula, que, de forma pragmática, sugeriu que o ministro se afastasse para focar em sua defesa. Esse gesto de Lula evidencia a necessidade do governo de preservar a governabilidade e a estabilidade do projeto político em curso.
A saída de Juscelino Filho, por mais que seja justificada como uma questão de honra e respeito pelas instituições, levanta questões sobre a fragilidade das figuras públicas em momentos de pressão judicial e midiática. A decisão, embora tomada com a intenção de proteger a administração, pode ser vista como um reflexo da crescente vulnerabilidade de ministros e outras autoridades diante de acusações graves e da rápida disseminação de informações.
O gesto de pedir a demissão pode, em última instância, ser interpretado como uma tentativa de preservar não só a sua imagem, mas também a do governo que ajudou a construir.
*Os textos publicados na coluna Poder em Foco não refletem a opinião do Grupo Ethos.