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Bolsonaro e a denúncia da PGR: o cerco que se fecha sobre o ex-presidente

Essa é uma acusação que põe em xeque os princípios democráticos do país e a estabilidade de nossas instituições




Saulo Cruz/Agência Senado
Saulo Cruz/Agência Senado

O Brasil vai dormir, mais uma vez, em meio à turbulência política: Jair Bolsonaro, ex-presidente da República, foi formalmente denunciado pela PGR (Procuradoria-Geral da República) por envolvimento em uma trama golpista. É a primeira vez que Bolsonaro enfrenta uma acusação criminal diretamente no STF (Supremo Tribunal Federal), um marco histórico que reforça a gravidade das ações apontadas pela Polícia Federal ao longo dos últimos anos.


As acusações são pesadas e incluem crimes como organização criminosa armada, tentativa de golpe de Estado e dano ao patrimônio público, entre outros. Não se trata apenas de um político acusado de corrupção ou abuso de poder – o que, infelizmente, é comum no cenário político nacional. Trata-se de uma denúncia que põe em xeque os princípios democráticos do país e a estabilidade de nossas instituições.


O documento, assinado pelo procurador-geral Paulo Gonet, chega às mãos do ministro Alexandre de Moraes e será analisado pela Primeira Turma do STF, composta por nomes de peso como Cármen Lúcia e Cristiano Zanin, este último responsável por pautar o julgamento. A expectativa, segundo fontes próximas ao tribunal, é que Bolsonaro se torne réu ainda neste semestre, abrindo caminho para que as investigações avancem de forma mais célere.


O que torna este caso ainda mais emblemático é o contexto político em que se insere. Bolsonaro construiu sua carreira pública calcado em discursos contra a corrupção e a favor de um suposto resgate da moralidade. Contudo, os fatos investigados pela Polícia Federal – como a fraude no cartão de vacinação e a venda de joias sauditas – pintam um quadro contraditório, que pode corroer ainda mais a imagem do ex-presidente junto à opinião pública.


É importante destacar que a denúncia sobre a tentativa de golpe não surge de forma isolada. Ela é o ápice de uma série de investigações que já vinham expondo o modus operandi de Bolsonaro e seu círculo próximo. Não é apenas sobre o ex-presidente, mas sobre o risco que figuras autoritárias representam para o Estado Democrático de Direito.


Bolsonaro tem reiterado ser alvo de perseguição política, uma narrativa que mobiliza parte de sua base de apoio. Contudo, o desafio será convencer o STF – e o Brasil – de que as provas apresentadas pela Polícia Federal não passam de especulação ou manipulação.


Para além da análise jurídica, esta denúncia escancara algo maior: as feridas de um país ainda dividido, onde as instituições tentam se consolidar em meio às ameaças de quem as ataca. O que está em jogo não é apenas o destino de um ex-presidente, mas a reafirmação de que a democracia brasileira é capaz de se defender – e punir quem tenta subvertê-la.


O desenrolar desse caso será um divisor de águas. Se a denúncia for aceita, não estaremos apenas diante de um julgamento sobre Bolsonaro, mas de um teste sobre a maturidade do sistema político e judicial brasileiro. A pergunta que fica é: será que o Brasil está, finalmente, preparado para virar esta página?


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