Altas nas doenças psicológicas entre pessoas LGBTQIA+ evidenciam que o Estado precisa se mexer
- Monise Antunes Rodrigues
- 19 de jun. de 2024
- 2 min de leitura
Um retrato preocupante e a necessidade de medidas imediatas

Os dados do IBGE mostram que a saúde mental das pessoas LGBTQIA+ no Brasil é ruim. Em comparação com a população em geral, esse grupo de pessoas experimentou taxas significativamente mais altas de depressão, ideação suicida e tentativas de suicídio, de acordo com a pesquisa.
O aumento da população LGBTQIA+ no país, combinado com os problemas de saúde mental que enfrentam, cria um ciclo vicioso que aumenta a probabilidade de pensamentos suicidas e ações consumadas. Estudos mostram que as pessoas homossexuais têm taxas de depressão duas a três vezes maiores do que o público em geral.
Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos revelou que 36% dos homens heterossexuais relataram ter tido ideações suicidas em algum momento de sua vida, enquanto 42% dos homens LGBTQIA+ disseram ter tido esse tipo de ideia em algum momento de sua vida. Além disso, vinte por cento dos adultos da comunidade que vivem no Brasil já tentaram acabar com sua vida.
Matheus dos Santos, psicólogo, afirma, à Ethos, que um dos principais fatores que contribuem para o sofrimento mental das pessoas LGBTQIA+ é a LGBTfobia, que é caracterizada por comportamentos discriminatórios e preconceituosos contra pessoas com diferentes orientações sexuais e identidades de gênero.“O preconceito familiar pode ser um dos principais fatores que contribuem para o desenvolvimento da depressão e da ansiedade neste grupo de pessoas”, diz.
“A pessoa adoece psicologicamente de forma repentina devido a não aceitação e ao constante debate. Se a pessoa não pedir ajuda, pode levar a pensamentos suicidas e até mesmo ao próprio ato”, acrescenta.
O acesso a tratamentos de saúde mental adequados e de alta qualidade é prejudicado por estigma, preconceito, barreiras culturais e falta de conhecimento dos profissionais de saúde sobre as necessidades únicas da comunidade LGBTQIA+.
É essencial que o investimento em políticas públicas aumente, bem como que o governo aumente o financiamento para iniciativas que combatam a LGBTfobia e promovam a saúde mental das pessoas LGBTQIA+.
Jéssica Albino Moraes, uma membro da comunidade LGBTQIA+ e graduada em gestão pública, aponta que o medo faz com que as pessoas não procurem ajuda porque não há treinamento suficiente de médicos, psicólogos e psiquiatras sobre o assunto.
“Muitas vezes, os profissionais de saúde não estão preparados para atender aos indivíduos LGBTQIA+. Muitos desrespeitam, julgam ou até mesmo não atendem às pessoas da comunidade de maneira humanizada. O processo de busca de saúde mental é mais difícil para as pessoas trans”, conta Jéssica.
É necessário investir em treinamento de profissionais de saúde capazes de atender às necessidades específicas da comunidade LGBTQIA+, bem como combater o estigma e o preconceito no sistema. Ações educativas e campanhas de conscientização são essenciais para combater a LGBTfobia e promover o respeito à diversidade.
A comunidade LGBTQIA+ pode receber suporte emocional e ser fortalecida por meio da criação de redes de apoio e grupos de acolhimento.
Um problema de saúde pública, o suicídio, pode ser evitado. Podemos construir uma sociedade mais justa e inclusiva, onde todos tenham acesso à saúde mental de alta qualidade e a oportunidade de viver uma vida plena e livre de sofrimento, reconhecendo e lutando contra as desigualdades enfrentadas pela comunidade LGBTQIA+.